Participação de alunos e professora na First Lego League Explore em 2023, nos EUA.
Conversamos com a professora Cristiane Cabral, que conduz com um grupo de alunos da escola municipal de ensino fundamental Heitor Villa Lobos, localizada na Lomba do Pinheiro, um projeto de robótica que já os levou a participar de várias feiras ao redor do mundo e a receber importantes premiações na área.
Como você vê a contribuição do letramento em programação para a área da educação?
O conceito de letramento em programação é bastante utilizado na educação já há algum tempo justamente porque traz concepções mais abrangentes sobre as tecnologias, não apenas as educacionais. Tratam-se das tecnologias que usamos nas mais variadas áreas da vida e que estão inseridas no mercado de trabalho. O pensamento computacional, presente no letramento em programação, desenvolve habilidades que preparam o jovem para lidar e estar neste mundo com mais propriedade e conhecimento visando qualificar suas aptidões cognitivas e sociais.
E as questões cognitivas implicadas neste movimento de utilização de STEAM.
STEAM (sigla em inglês para ciência, tecnologia, engenharia, artes e matemática) tem bastante ligação com o movimento mão na massa, ou seja, o construir através da experimentação. O que está totalmente de acordo com as teorias mais progressistas de aprendizagem. Todas as ferramentas que fazem parte do movimento STEAM podem, e devem, incluir as questões de tecnologia, e também são orientados por uma abordagem interdisciplinar que favorece o enriquecimento dos métodos de aprendizagem e, portanto, com recursos mais inclusivos.
Qual sua opinião sobre a necessidade de formação de professores para o melhor aproveitamento das possibilidades de aprendizagem?
Atualmente a formação do professor está num momento crítico no Rio Grande do Sul. A formação continuada é muito necessária, sobretudo a reflexão sobre a sua prática pedagógica. É importante debater e articular o trabalho de sala de aula com os demais professores. E quando isso não acontece a educação se enfraquece. A pesquisa-ação é um recurso muito rico para a formação do professor, pois mesmo que não seja um pesquisador acadêmico, é preciso ter um olhar de pesquisador, um olhar atento para o que está acontecendo na sala de aula e no processo cognitivo dos alunos.
Como você vê o crescimento deste tema e o envolvimento das escolas desde que está inserida no campo?
O trabalho com tecnologia no meio educacional, desde que comecei há 15 anos, vem crescendo exponencialmente. O envolvimento dos alunos também tem visivelmente se mostrado com maior interesse. Um exemplo pode ser o número de competidores na Olimpíada Brasileira de Robótica, que em 2007 contou com 6500 alunos, em 2012 já foram 29 mil, em 2016 chegamos a 100 mil e, atualmente, alcançamos 200 mil inscritos.
Um movimento que só tende a crescer e, portanto, requer reflexão e aprimoramento contínuo dos professores através de iniciativas que promovam mais conhecimento sobre sua abordagem e aplicação na educação. Porto Alegre vai sediar a etapa regional RS da Olimpíada Brasileira de Robótica, no dia 28 de setembro. Será um momento especial para quem quiser saber mais sobre o nosso trabalho e, principalmente, de ampliar as possibilidades de aproximação com os temas da robótica para quem ainda não conhece e, poderá descobrir no evento um novo caminho a percorrer. As escolas estão convidadas a participar!
Informações: https://obr.robocup.org.br/